Boas Vindas !

Há alguns anos venho percorrendo, de moto, alguns caminhos. Em especial em nossa Linda América. Aqui tenho pequenos relatos, fragmentos destes passeios. Eles foram feitos com o intuito de preservar um pouco do que eu vi. Um pouco do que eu vivi.

Agora, com poucos cliques, revejo caminhos... Selvas, desertos, gêiseres, caminhos patagônicos, geleiras, lagos, canyons, entranhas da terra... relembro de ares gelados de madrugadas altiplânicas...

De tudo o mais importante: revejo olhares e relembro atitudes de gentes que serão para sempre parte de minha vida. Ao viajante que passar por aqui espero que goste.

segunda-feira, 27 de fevereiro de 2012

ARGENTINA. CHILE. MENDOZA A SANTIAGO. AL SUR DEL SUR - Dias 23 a 26.02.2012

"O fim duma viagem é apenas o começo doutra. É preciso ver o que não foi visto, ver outra vez o que se viu já, ver na Primavera o que se vira no Verão, ver de dia o que se viu de noite, com sol onde primeiramente a chuva caía, ver a seara verde, o fruto maduro, a pedra que mudou de lugar, a sombra que aqui não estava. É preciso voltar aos passos que foram dados, para os repetir, e traçar caminhos novos ao lado deles. É preciso recomeçar a viagem. Sempre. O viajante volta já." Saramago, in Viagem a Portugal, 2ª ed., Lisboa, Editorial Caminho, 1984.
Com este maravilha escrita por Saramago na cabeça retomo caminhos já percorridos.
(Ao final segue meu texto para quem tem paciência).





























De Mendoza a Santiago, pouco mais de 340 Km. “Tudo mudou” desde a última vez que passei aqui. É que da outra vez (em 2010) era inverno (agosto). Agora é verão. Vou juntar aqui, com as atuais, algumas das fotos feitas naquela oportunidade (porque “é preciso ver na primavera o que se vira no verão”). A Puente del Inca, bem como o Parque do Aconcagua, sempre são um belo atrativo neste trecho.
Agora o frio intenso e a neve de um mês de agosto deram lugar a uma aridez (aridez fria). No (demorado) Paso Los Libertadores, houve “compensação”. No caso, uma boa conversa com a amigos motociclistas. Encontro, na aduana, um grupo de quatro uruguaios, de Montevidéu ou Montevideo. Mais um casal de chilenos. Aproveitamos as quase duas horas para os contatos de praxe. Troca de adesivos, compartilhamos endereços, e-mails, telefones e promessas recíprocas de apoio nas estradas.
OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: Quem está vindo para o Chile, por estes dias (pelo paso Los Libertadores), em especial os motociclistas, tenham cuidado com os dois primeiros túneis. É que ambos estão com alguns buracos. O último dos túneis, inclusive, está fechado. Há desvio, como sempre bem sinalizado, em razão do grande número de buracos. Estão refazendo neste último túnel, pelo que vi, o asfalto concretado.
Depois de repetir umas fotos nos Caracoles, chego a Santiago do Chile. A capital, como de hábito, com aquele seu conhecido (e louco) trânsito. Cada vez mais firmo convicção: não gosto de cidades grandes. Além de não terem aquela beleza exuberante da natureza, estressam. A impressão que eu tenho, em Santiago, diante da grande velocidade imprimida pelos motoristas, é que todos estão com o objetivo de “tirar o pai da forca”. Numa pequena saída que dei, vi duas pequenas colisões. (Numa destas os motoristas sequer se deram o luxo de parar). Para completar, em Santiago do Chile, a Cordilheira acaba por encerrar a cidade numa grande redoma de poluição.
Entretanto, como tinha objetivo de utilizar Santiago para fazer as trocas de filtro e óleo da “Ruivinha” (apelido carinhoso de minha moto), bem como, especialmente, visitar um grande companheiro do *Brazil Riders (comunidade de apoio a motociclistas em viagem), no caso o Juan Arenas, que reside na capital, optei por este caminho.
Caminho, reconhecidamente mais distante para chegar a Puerto Montt (o começo da Carretera Austral e um dos meus objetivos nesta aventura). E do qual já me distanciei no momento adentrando mais na Carretera.
Após ter atendido bem a motoca, aproveito para dar uns passeios no centro de Santiago. Observo, entretanto, que não estou de posse nem do telefone, nem do endereço do Juan. Imediatamente faço contato com amigos no Brasil, no caso o Hanno e o Cicero (ambos do Brazil Riders) que passam os dados solicitados bem como comunicam o meu desejo a Juan.
No mesmo dia, no final da tarde, devidamente contatado pelos amigos comuns referidos, Juan me telefona. A noite tenho a alegria de encontrar este reconhecido motociclista e grande apoiador de nossa comunidade já citada, no Chile. Nuestro hermano vem me buscar no meu hotel (e me passa uma bronca porque não fui me hospedar em sua casa). Saímos para jantar. Nesta ocasião encontramos mais amigos motociclistas. Bons momentos compartilhados.
No dia seguinte, sem pressa, fora do horário do rush saio de Santiago e me dirijo a Temuco (350 km). Autopista. (monotonia).
OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: Pedágios. Óleo.
Como sabemos, no Chile, todos os veículos pagam pedágio. Motos, inclusive. Felizmente as estradas estão mesmo muito bem conservadas (ao contrário das nossas que, muitas vezes, mesmo com pedágio, estão em mau estado. Além disso, a cada dois quilômetros, tem sinalização de serviço de emergência (S.O.S) e, pasme! realmente tem o serviço de emergência!!
Observo, entretanto, em especial para os “viajantes” motociclistas que nem tudo é perfeito, obviamente. Nos pedágios, todo cuidado é pouco. Constatei, mesmo nas pistas da esquerda, a recorrência dos óleos na pista. Assim que ao parar, para efetuar o pagamento é bom ter bastante cautela para evitar uma queda.
Também observo que nas curvas de alta (nas três primeiras, em especial) cuidado com aqueles frisos que muitas vezes tem no asfalto. Aqui creio que é para a vazão de água/gelo. Entretanto, uma entrada muito rápida para quem vem com moto trail pode dar uma assustada. (as motos com pneu dianteiro grande tendem, como sabemos, a dar uma “dançada” nas curvas de alta. E os “frisos” no asfalto aumentam o problema.
No dia 26.02. (350km) de Temuco a Puerto Montt. Autopista. Os servicentros, como os chilenos chamam os postos de combustíveis, são bem atrativos. Dá vontade de lanchar nestes locais.
Constato que o calor que sofri ao sair do Brasil e ainda na Província de Corrientes (43 graus) já faz parte do passado. Na medida que os faróis da moto avançam para o sul, o frio começa a ser sentido. Neste caminho nada de fotos. A par do frio que surgiu tomei chuva na maior parte do tempo. Chego em Puerto Montt e a chuva desaparece. Sou apresentado a um ventinho lateral (aqueles que encanam entre um e outro prédio) e que se pegam o vivente distraído assustam, ou derrubam. Puerto Montt é uma pequena cidade para mim sem qualquer glamour. É, no entanto, a porta de entrada para a região dos lagos andinos, bem como da Carretera Austral.
Seguimos.

7 comentários:

  1. Viajo Junto! obrigado pela carona. Abração.

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  2. Cara, me deu uma saudade do Parque Aconcágua e da Puente del Inca (e da subida pela Quebrada de Villa Vicenzio)! Boa viagem, mano!

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  3. Boa viagem hermanito, acompanhamos de perto ! Espero que o Juan tenha te passado boas dicas já que recém fez este trajeto.
    Grande abraço

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  4. E vamos deixar de preguiça, salmão e vinho e escrever mais, pois gosto de ler teus relatos, sempre inteligentes, prestativos e espirituosos.

    Tamu aki grudado na garupa da Ruivinha !

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  5. Blza Mano Gilson. Fico feliz que tenhas conseguido replanejar seu projeto da Carretera e o Fin del Mundo. Belas imagens e do relato nem vou falar, pois todos ja sabem da sua especial habilidade para narrar suas aventuras. Siga com a proteçãod do Supremo Criador. Fraterno motoabraço.

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  6. Oi Amigo Gilson! Saudades...
    Estou muito feliz em saber que retornastes à estrada e que agora estás compartilhando as fotos e aventuras aqui pelo Blog. Sabes que sou uma blogueira nata né? Adoro! Já estou te seguindo nesta aventura, sedenta pelas lindas imagens que compartilhas. Faça uma boa viagem e no ertorno não vou te perdoar que venha até nós compartilhar ao vivo tuas emoções... abração.

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  7. "Dizem que a vida é pra quem sabe viver, mas ninguém nasce pronto.A vida é para quem é corajoso o suficiente para se arriscar e humilde o bastante para aprender...". Acredito q vc tem as duas coisas. Adorei viajar com vc amigo. Se cuida né....'poloamordedeus'...e aproveite ao máximo, aprenda tudo e não esqueça de compartilhar com a gente. Amei! Grande abraço!

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