Boas Vindas !

Há alguns anos venho percorrendo, de moto, alguns caminhos. Em especial em nossa Linda América. Aqui tenho pequenos relatos, fragmentos destes passeios. Eles foram feitos com o intuito de preservar um pouco do que eu vi. Um pouco do que eu vivi.

Agora, com poucos cliques, revejo caminhos... Selvas, desertos, gêiseres, caminhos patagônicos, geleiras, lagos, canyons, entranhas da terra... relembro de ares gelados de madrugadas altiplânicas...

De tudo o mais importante: revejo olhares e relembro atitudes de gentes que serão para sempre parte de minha vida. Ao viajante que passar por aqui espero que goste.

sexta-feira, 23 de março de 2012

USHUAIA - AL SUR DEL SUR - DESTINO FINAL ALCANÇADO - Dias 14 a 17.03.2012


? Donde te vas a mojarte, valientemente?
Retorna a minha cabeça a pergunta feita por Don Pepe, o dono da Hospedagem “O Pioneiro”, em Cerro Castillo (Ruta 9 em direção a Puerto Natales), diante de minha disposição de seguir viagem, mesmo frente ao frio e a chuva. O vocábulo “valientemente” me faz faz sorrir.
Se ele soubesse que não existia nenhuma “valentia”!
Que minha vontade real era de ficar em sua agradável pousada.
Ali, em tudo quanto é canto, tem calor. E também “la amabilidade y disponibiidadde de su señora, Doña Gloria, que me emprestou seu modem permitindo que eu conectasse meu note a internet.
Tudo conspira para a permanência no local.
Refriso, lá fora é chuva, é vento, é frio. Sei que muitos vão pensar, outros com mais confiança vão dizer: sim, “seu mané” e o que tu esperava descendo em direção ao sul do sul ?
Assim que, sem valentia nenhuma (mas tentando aparentar) saio “bajo lluvia” em direção a Ushuaia.
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O destino final desta minha aventura era Ushuaia. Em minha cabeça, entretanto, a conotação especial, o destaque maior, sempre foi a navegação (ainda que pequena) que faria pelo Estreito de Magalhães.
O Estreito de Magalhães é o conhecido canal que liga os oceanos Pacífico e Atlântico. Separa, pois, o extremo sul de nosso continente americano da denominada “Terra do Fogo”. (apesar de minhas excelentes professoras, uma de minhas poucas lembranças das aulas de geografia).
Fernão de Magalhães foi o primeiro navegador europeu que cruzou este canal. Em 1521. Em razão disso o estreito leva o seu nome. Os famosos ventos que “residem” na região trazem riscos a navegação e podem, a qualquer momento, suspender as travessias no canal.
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Em direção ao Estreito de Magalhães opto pelo trajeto Punta Delgada, Kimiri Aike e Bahia Azul (RUTA 257). Vou fazer a travessia “en la primera angostura” (Punta Delgada a Bahia Azul).
Não vou a Punta Arenas. Primeiro, porque a travessia de Punta Arenas/Porvenir (Bahia Chilota) é muito mais longa. Mais ou menos 4h de navegação contra 20 ou 40min em Punta Delgada. Segundo, as fortes chuvas que caíram na região fizeram com que a cidade de Punta Arenas fosse declarada “zona de catástrofe. Houve seriíssimos danos em edifícios públicos, colégios e residências. O Rio Las Minas, que corta a cidade, transbordou e agravou, de forma, substancial, o problema das chuvas.
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Cruzei o Estreito de Magalhães, “en la primera angostura” (trecho mais estreito), me julgando o próprio português, Fernão de Magalhães. Explico o porquê do sentimento.
É que ao chegar o transbordador está quase partindo (saiu em menos de cinco minutos). E eu fui orientado a seguir sem parar para fazer qualquer pagamento. Ao sair do transbordador quis pagar. No entanto ninguém quis receber. Assim que agradeci e segui meu caminho. Por isso me imaginei o próprio Fernão. Imagino que Fernão de Magalhães, ao cruzar pela primeira vez o Estreito que leva o seu nome, não fez, também, qualquer pagamento (risos).
Soube depois que o mesmo acorrera com os amigos motociclistas que fizeram o mesmo trajeto, no mesmo dia. Inicialmente, supus que a ausência de cobrança se dera em razão da pressa dos marinheiros em fazerem a travessia, diante do grande número de veículos (automóveis e caminhões), que estavam aguardando na fila. É que, pela manhã, não houve navegação no Estreito em razão dos fortes ventos. Os famosos ventos não permitiram navegação com segurança. Em razão destes ventos, no transbordador, fui orientado a firmar/segurar bem a moto. Realmente, os ventos estavam fazendo ondas fortes (constatei isto durante a travessia de, aproximadamente, 30 minutos). Nada, entretanto, que viesse a causar qualquer perigo de queda para a motocicleta.
OBSERVAÇÃO. Os ventos muito fortes, que afetam a região do Estreito de Magalhães, podem suspender, a qualquer tempo, o serviço dos transbordadores. É, pois, oportuno, se programar para qualquer eventualidade.
Depois fiquei sabendo que eu poderia ter feito o pagamento que Fernão de Magalhães, por outra razão não fizera. É que o local do pagamento é dentro do próprio transbordador.
Após a travessia chego a Bahia Azul. A partir daí tenho mais ou menos uns 30 km de pavimento até Cerro Sombrero. De Cerro Sombrero até a Pasagen Fronterizo San Sebastian, pouco mais de 100 km de rípio. Um rípio excelente. Possível de ser enfrentado, com cuidado, por quaisquer modelos de motos. Incluo, obviamente, as custom. Para quem não é motociclista, explicito que o modelo custom são aquelas que, popularmente (e de forma equivocada) costumam chamar de estradeiras (shadows, harleys, intruder, etc).
OBSERVAÇÃO IMPORTANTE: Quem for fazer, por estes dias, o caminho de Cerro Sombrero a San Sebastian, opte pelo caminho por ONAISIN e não por TOLHUIN (pouco mais perto). De acordo com informações obtidas e confirmadas, o caminho por TOLHUIN está péssimo.
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Como já frisei em outro post, reencontrei companheiros de viagem, em Cerro Sombrero.
A noite, durante “la cena”, na boa hosteria “Tunkellen” (a única do pueblo) onde me encontrava, tive a agradável surpresa de reencontrar amigos “hechos en viaje”. Os motociclistas que optaram por ir a Chaitén enquanto eu optara visitar Torres del Paine.
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Na tarde seguinte, o grupo formado acidentalmente retomou o caminho. Saímos tarde. Com vento e chuva (Vento e chuva ? Que novidade !!).
Após enfrentarmos outros pequenos trechos de rípios, outros de trechos de pavimento sem demarcação, por volta de 22h, felizes, chegamos, em Ushuaia. Os viajantes solitários (Brasil, Canadá - Jeron, Suíça - Marcos e França - Cano) ao final, chegam juntos “en el fin del mundo”. (A partir daí, os caminhos serão de tempos e destinos diferentes).
Mesmo com chuva e frio, antes de buscarmos qualquer hospedagem, brindamos “a conquista” na rua. “Batizamos” as nossas “limpas” motocicletas. A “Ruivinha”, como sempre, se comportou “re-bien”. Excetuando uma lâmpada queimada, só fiz a manutenção básica. Ou seja, trocas de filtro, óleo e manutenção da corrente. Os rípios da Carretera Austral, conseguiram rebentar o suporte de aço do protetor do motor. Nada que uma atuação ao estilo de “magueiver” (arames), não solucionassem até a soldadura que posteriormente fiz.
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Em Ushuaia, optamos por um hostal. Tivemos bons e agradáveis momentos no Hostal Cruz del Sur. Uma reunião de gentes de muitas partes. Israelenses, alemães, suíços, franceses, canadenses, argentinos, chilenos, americanos, italianos e, claro, brasileiro (Santo Ângelo).
Ainda em Ushuaia ainda tive a alegria de encontrar brasileiros de Torres, Jundiaí, Campinas, São Paulo e Natal. Os brasileiros de Torres, um simpático casal em lua-de-mel. E de motocicleta. Saúdo, com carinho, os novos amigos, Rodrigo e Dani.
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“CARIMBANDO” o passaporte!
Em Ushuaia, chegando de motocicleta, é destino certo de todos os aventureiros, “carimbar” o passaporte, no Parque Nacional Lapataia. Onde está o fim da RUTA 3.
Para se chegar a famosa placa indicativa do FIM DA RUTA 3, é necessário entrar no parque, mediante pagamento. Como não poderia deixar de fazer isto me dirigi (nos dirigimos) para o fim da Ruta Nacional 3. Para a Bahia Lapataia. As fotos estão aí para mostrar a carimbada do passaporte que todos admitimos diante do simbolismo que é chegar “ao fim do mundo”. Que não tem fim, nem começo (sic!!!).
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Deixo para outro post o belo passeio de barco que fiz no Estreito de Magalhães, para dar uma “bombeada (explicito, a quem não é gaúcho, bombear é o mesmo olhar)” nos pingüins, leões-marinhos e em uns “marrecos”kkk diferentes que vivem pelas bandas austrais da patagônia argentina e chilena.
Seguimos ... para o fim ... desta aventura.







































































5 comentários:

  1. Hermano, vai.......foi o vento que virou aquele caminhão???? Grande abraço.

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  2. Buena hermanito !

    Ahora si, tranquilo !

    Confesso que estava preocupado com falta de notícias da viagem. Bom que já esteja no aconchego do lar.

    Después charlamos mas !

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  3. Hermanito Gilson !!!!
    Já está mateando em casa !?? Tudo certo !!!
    Depois de organizar as "bagagens" ... entro em contato contigo ...
    Um abraço !!!!
    Sandro Zimmermann
    Farrapos da Estrada
    Santa Rosa RS

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  4. Gilsinho............Que show estas fotos, tu não imagina a saudade que dá olhando estas fotos, e relembrando destes mesmos lugares por que passamos.Abraço , muitas felicidades, um bom retorno.
    PS:Tem que nos informar mais ou menos previsão de chegada aqui em los angeles(das missões)pra nos agiliza uma pecuária baguala..
    Gustavo Guarani
    Brasil Riders.
    Santo Ângelo

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  5. Nossa...que lindas fotos...
    Lugares perfeitos, paisagens sem explicação de como a lugares maravilhosos por esse mundo!!!
    Um abração e bom retorno a nossa simpatica cidade!!!!
    André e Jana
    Rota das Missões
    Santo Ângelo-RS

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