Boas Vindas !

Há alguns anos venho percorrendo, de moto, alguns caminhos. Em especial em nossa Linda América. Aqui tenho pequenos relatos, fragmentos destes passeios. Eles foram feitos com o intuito de preservar um pouco do que eu vi. Um pouco do que eu vivi.

Agora, com poucos cliques, revejo caminhos... Selvas, desertos, gêiseres, caminhos patagônicos, geleiras, lagos, canyons, entranhas da terra... relembro de ares gelados de madrugadas altiplânicas...

De tudo o mais importante: revejo olhares e relembro atitudes de gentes que serão para sempre parte de minha vida. Ao viajante que passar por aqui espero que goste.

domingo, 20 de novembro de 2011

NOS CAMINHOS DO DESERTO DO ATACAMA

"Eu prefiro andar sozinho. Deixem que eu decido a minha vida. Não preciso que me digam de que lado nasce o sol. Porque bate lá meu coração..."
Parafraseando os versos do Belchior, honestamente, prefiro viajar sozinho. Isto, em especial, quando se tratam de viagens longas. Sacrifico, conscientemente, um pouco de minha segurança em prol de mais liberdade. É bem verdade que, a despeito de gostar de me aventurar, solitariamente, nas viagens longas que faço, as minhas primeiras tentativas de fazer uma viagem com esta feição, envolveu grupos de motociclistas.
No primeiro projeto eu integraria um grupo com mais de catorze amigos.
No segundo, seríamos cinco os motociclistas, que estaríamos na estrada.
Iríamos em direção a uma das mecas, em nossa América, para motociclistas aventureiros. Iríamos a Machu Picchu. Cada um em suas respectivas motos.
Infelizmente (ou não), tive de abortar os dois projetos.
No primeiro eu nem cheguei a sair de casa. Questões de trabalho inviabilizaram a concretização da viagem.
Na segunda tentativa iniciei a viagem. Não obstante, fui obrigado a interrompê-la após 2100 km percorridos. Por um descuido, uma imprevidência, um excesso de confiança (excesso de confiança, um “mal terrível” em se tratando de pilotagem de motocicletas), fez com que eu retornasse para casa com muitos esfolões pelo corpo e com o quinto metacarpo da mão esquerda quebrado (só descobri a fratura após vinte dias e em razão de estar com a mão com um inchaço insistente).
Antes da pergunta já vou logo esclarecendo: o que ocorreu é que, num destes momentos de absurda bobeira aumentei substancialmente a velocidade. Além da velocidade inadequada, a “carga” da motocicleta (dois bauletos e top case) fizeram com o que se produzisse um shimming. Para quem não é motociclista, explico o que é, na prática, um “shimming”. Sugiro que você imagine a velocidade de uma hélice de um avião. A hélice, obviamente, faz um movimento de 360º. Transponha esta realidade para um guidom de motocicleta. Só que o guidom, em shimming, ao invés de fazer um movimento de 360º faz 180º. E você tentando realizar o impossível: contê-lo. É uma força impossível de deter. É de uma violência inimaginável. De qualquer forma você fica até o último instante imaginando que vai conseguir impedir o que de regra acontece: a queda. Confirmou-se a regra !! "Uno que se cayo en la carretera".
(A propósito, a foto postada logo abaixo na qual tem um "chão", obviamente, nada tem a ver com este episódio acima relatado. Foi apenas uma deitada, no barro, e sem nenhuma consequência numa outra viagem procedida a qual vem, mais abaixo, destacada neste pequeno texto.)
Puxa, até parecia “praga”...
Me preparava para uma viagem longa, em grupo, e de motocicleta, e não eram raros os contratempos.
Estas duas tentativas frustradas resultou no fortalecimento de um desejo.
A partir de agora, eu iria como eu sempre desejara fazer viagens longas de motocicleta! Viajaria solitário !
E assim comecei a fazer meus passeios com este perfil.
O primeiro, não tão longo e com os “detalhes marcantes referidos”, foi até o deserto do atacama.
Machu Picchu, ficaria para depois...
O Deserto do Atacama:
O meu primeiro passeio pelo Deserto do Atacama foi seguido de outros dois. Sinto que muitos ainda seriam necessários – e é possível que os faça - para aproveitar mais um pouco da maravilha que é esta parte de nossa América Linda. Uma pequena sinopse do que podemos encontrar vem narrada no Guia Criativo Para o Viajante Independente na América do Sul, de Zizo Asniz e Os Viajantes.
Dele o fragmento que muito bem explicita o que encontrei e procurei fotografar um pouco.
“No norte do Chile, entre o Oceano Pacífico e a Cordilheira dos Andes, estende-se o deserto mais alto e mais seco do mundo: o Atacama, situado a 2.440m acima do nível do mar. Uma extensa área, rica em história e atributos naturais, polvilhada por pequenos oásis, paisagens exuberantes, rodeadas de cadeias de vulcões nevados – alguns ainda ativos -, dunas imensas, lagoas azuladas, formações rochosas pitorescas, gêiseres que brotam do solo e misturas de cores e texturas que parecem ter saído dos sonhos de um artista plástico. Para quem gosta de se surpreender com as belezas da natureza, curtir este pedaço do planeta é uma viagem imperdível.
O Deserto do Atacama está localizado na III Região do Chile, onde se destacam sua capital Antofagasta, cidade costeira e a maior da região; Calama, próxima à mina de Chuquicamata, já no deserto; e Iquiqui, zona franca, também litorânea, do tipo com palmeiras do calçadão. Para explorar esta região, porém, a melhor pedida é organizar uma base na pequena San Pedro de Atacama, de onde é mais prático movimentar-se pelas atrações deste isolado pedaço do planeta.”
Nas minhas andanças no deserto é em San Pedro de Atacama que, também, faço minha base. 
San Pedro de Atacama é considerada a capital arqueológica do Chile. Obviamente, a principal atividade do povoado é o turismo. A cidade possui, algo como 2.500 habitantes. Paradoxalmente, é uma cidade “cosmopolita”. Ouvimos em suas “calles” de terra, os mais diversos sotaques e línguas. Os visitantes encontram os mais diversos serviços: restaurantes, agências de turismo, artesanatos variados, centrais telefônicas, Internet etc.
É um local, sem dúvida para apreciar termas. E para quem tem espírito aventureiro. Os passeios, de regra, envolvem um pouco de sofrimento. Para visitar os gêiseres “El Tatio”, que, de fato, é um grande programa, saí às 4h da manhã. Após mais ou menos 90 km, em estradas esburacadas e de terra, com muito, muito pó, cheguei no local por volta de 6h da manhã. A temperatura algo em torno de 10º negativos. Ou seja, pés e mãos congelando.
Na sequência, um café da manhã esquentado nos orifícios dos gêiseres (água saindo dos gêiseres a mais ou menos 87º centígrados). No passeio estive acompanhado de outro motociclista, Rogério, um paulista que se transformou em um amigo. Em sequência estive no pueblo Machuca e nas termas de Puritama. A visita às ruínas de Pukara de Quitor, bem como às Lagunas Altiplanicas (há mais de 4.000m de altitude) são passeios que também valem pela beleza. O visual das Lagunas é incrível. Há o fantástico Valle de La Luna y Valle De La Muerte, trekking e inúmeros outros passeios para serem feitos no local. É um local deslumbrante. É necessário um mínimo de condicionamento físico. Notadamente, uma vez que em alguns passeios temos oscilações de altitude e, não raras vezes, se vê pessoas sofrendo com a “puna”, o famoso mal de altitude. Mas para quem está bem de saúde, nada que não se resolva com folhas e chá de coca.
As fotos a seguir postadas, creiam, não refletem a beleza deste deserto.








































































































































2 comentários:

  1. Grande Amigo ... Parabéns pelo blog que somente hoje tive a oportunidae de ver ..... inclusive tem uma foto de um adesivo que eu colei em 2007 dentre as fotos que tirou .... onde vc aponta para ele como homenafem aos Cobras do Asfalto ... muitissimo obrigado. é uma honra ter amigos como vc ... fica com Deus

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  2. Que show de leitura e que fotos sensacionais! Só agora vim parar nestas linhas! Um abraço e longas estradas sempre meu caro!

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